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O sangue é o fluído corpóreo mais encontrado em cenas de crime, sendo ele crucial na investigação que será realizada. Podem apresentar diferentes aspectos, conforme o tempo de exposição ao ambiente e o tipo de superfície em que foram encontrados.
De acordo com o direito penal, o sangue pode sentenciar um criminoso através de uma forte relação entre a vítima e o assassino se o procedimento de coleta, armazenamento, transporte e análise das evidências sejam corretamente feitos.
A hematologia forense é um ramo da biologia forense, que estuda manchas, salpicos, gotas de sangue na cena de um crime. Subdivide-se em hematologia forense reconstrutora e hematologia forense analítica e têm como intuito fornecer informações como:
Antes de qualquer interpretação de um vestígio é necessário saber qual a sua natureza. Por isso, a identificação de sangue é o primeiro e mais importante passo no exame de uma mancha suspeita. Devido a degradação de hemácias e oxidação da hemoglobina, o sangue presente nessas manchas possui atividades catalíticas do grupo heme que está em estado férrico. Essas atividades que serão empregadas como base nos testes de orientação e de certeza da identificação do sangue.
Também chamados de testes presuntivos são utilizados para uma verificação rápida, por vezes ainda no local de coleta da amostra, para orientar os exames periciais seguintes. Não são métodos precisos, pois vários fatores influenciam seus resultados, mas apontam a possibilidade de uma amostra conter ou não sangue.
Os testes de orientação funcionam do princípio da atividade enzimática da hemoglobina. É o caso dos testes colorimétricos baseados na oxidação da fenolftalina (conhecido por Kastle-Meyer), da benzidina (conhecido por Adler-Ascarelli) e do verde malaquita. No entanto, esses dois últimos são pouco utilizados por possuírem elevada toxicidade.
Na oxidação da fenolftaleína, uma pequena amostra questionada é coletada em um swab umedecido sobre o qual se adiciona uma gota do Reativo de Kastle-Meyer (uma solução alcalina e incolor de fenolftalína – nome dado à fenolfitaleína em sua forma reduzida). Uma gota de água oxigenada é adicionada em sequência e a coloração rósea aponta resultado positivo.
Com o aperfeiçoamento das técnicas forenses, as manchas suspeitas de conter sangue mesmo após serem lavadas são detectadas através de técnicas que usam reveladores químicos do sangue. O reagente luminescente reage indiretamente com o grupo heme da hemoglobina, após reação oxidativa, produzindo uma luminescência que pode ser vista a olho nu em ambientes escuros. O reagente luminescente mais conhecido para este fim é o luminol. É considerado um teste com altíssima sensibilidade, sendo capaz de revelar manchas latentes mesmo após anos da ocorrência do crime.
Os testes de certeza, como o nome sugere, confirmam a presença de sangue na amostra. Alguns destes testes também permitem uma verificação mais específica, confirmando ou não ser sangue de origem humana.
O princípio dos testes de certeza é mediante reações com certos compostos, onde o grupo heme da hemoglobina forma cristais insolúveis em água. A formação destes cristais é confirmatória para a presença de sangue na amostra. Apesar desses testes serem muito menos sensíveis que os testes de orientação, são empregados como confirmatórios por terem alta seletividade.
A forma como as manchas de sangue estão dispostas no local do crime ajuda na sua reconstrução. Um olhar atento sobre essas manchas revela a posição da vítima e do agressor, o trajeto de ocultação do cadáver ou de fuga, a arma, intensidade e distância que ela foi utilizada e até incluir e excluir suspeitos.
Normalmente as manchas recentes são vermelhas e úmidas, passando de vermelho-castanho a castanho-escuro. As manchas que estejam bem secas apresentam aspecto fendilhado, com escamas brilhantes e aspecto esverdeado.
A idade da mancha depende de dois fatores, cor e o grau de solubilidade. A cor determina a idade da mancha, mas deve-se levar em conta elementos como a umidade, temperatura, putrefação, intensidade de luz e agentes químicos que influenciam neste sentido. De um modo geral, quanto mais recente maior a solubilidade.
Através da distribuição topográfica é possível dizer se houve deslocamento do cadáver, se a vítima caminhou após o ferimento, por onde andou, que posição estava, se praticou certos atos antes ou após o ferimento. Pode determinar, também, os atos do criminoso, bem como se estava ferido.
Através delas, pode-se determinar a altura, o ângulo e a violência que o atingiu. Os principais tipos de manchas são:
Gotas: forma circular = pequena altura; forma estrelada, com bordos irregulares = altura aproximada de 40cm; forma estrelada com bordos denteados, gotas satélites = altura superior a 125 cm; gotículas = altura superior a 2m.
Salpicos: quando a projeção do sangue é feita sob impulso e uma segunda força e cai sob a ação da gravidade (forma alongada na fase final).
caracteriza-se quando o sangue se apresenta sob a forma de poças, harco ou filetes decorrentes de grande perda de sangue.
são originárias do contato de uma parte do corpo ou de um objeto com o sangue, e posterior fixação em outro local em decorrência de novo contato, podendo deixar moldes de impressões digitais nas áreas de fixação.
quando um tecido ou papel entra em contato com o sangue e são absorvidas, produzindo manchas características.
quando se procura limpar uma mancha de sangue, comumente não se consegue excluir todos os vestígios, mas a olho nu a mancha parece ter desaparecido. Nesses casos, com a ajuda de luz forense, estas manchas podem ser observadas, e podem indicar a tentativa de ocultar provas de um crime.
Esta questão é colocada quando se alega como causa da morte hemorragia externa, ou também para se ter uma ideia da debilitação do ferido, pois pela contagem das gotas encontradas, avaliação do tamanho, bem como pelo cálculo do volume das poças e coágulos, é possível se chegar à quantidade de sangue perdido.
Visto a quantidade de informações que o sangue fornece ao perito criminal, é indispensável sua análise. Porém, a preservação do local do crime é de suma importância para a realização dos exames periciais e principalmente para assegurar a cadeia de custódia e confiabilidade das provas produzidas.